segunda-feira, 7 de junho de 2010

No reino da mediocridade

Assim como pragas que se espalham na plantação, a mediocridade se proliferou na sociedade. Todos os dias brotam por todos os lugares uma quantidade enorme de João sem Braços.
Pessoas que não sabem de nada, não vêem nada e não escutam nada para não se comprometerem, pois é muito mais fácil deixar-se passar por ignorante do que firmar um posicionamento e ser questionado sobre sua atuação.
O tempo todo, as pessoas têm necessidade de aparentar aquilo que não são para satisfazer uma expectativa da sociedade pautada na imagem. Transmitir uma imagem positiva é muito mais importante do que expor o que se sente de verdade. Por isso é inconcebível se indispor com o outro, pois não tem retorno o investimento de ser autêntico e agir fora dos padrões comportamentais ditados pela sociedade. Assim sendo a crítica é evitada a qualquer preço!
A vida moderna se transformou num grande palco. Todos estão sempre representando papéis segundo a conveniência do momento. Às vezes atuam como mocinhos, outras vezes como vítimas e assim sucessivamente. No final das contas para as pessoas o que importa é a reação que consegue obter do público. De preferência uma comoção geral, conferindo-lhe aplausos efusivos de toda a platéia ao final daquele espetáculo.
Mas como o costume faz o hábito, de tanto as pessoas representarem, elas acabam se convencendo de sua própria atuação. O personagem se transforma no seu ser real.
As pessoas deixam de tomar as rédias de sua existência e vivem na clandestinidade dos seus papéis. A vida vai perdendo o sentido quando se substitui a riqueza do contato humano tetê-à-tête pelas máscaras do personagem da conveniência, dando espaço para a hipocrisia.
Mesmo que seja benéfico o aprofundamento de um tema, ninguém está disposto tratá-lo nas suas raízes, mas tão somente no que é visível aos olhos de todos. Assim as pessoas alcançam na vida somente a profundidade de um pires, ou seja, tudo fica no nível da superficialidade.

Por meio de suas representações, elas tratam temas complexos e técnicos com a mesma superficialidade de temas comuns. Utilizando o jocoso para transmitir assuntos sérios e o tom sério para tratar de assuntos banais, os valores sociais são invertidos ou mudados com uma grande dose de humor negro.
No apagar das luzes do espetáculo, o problema é saber quem é o que e quando. Em todas as situações, representar é o melhor remédio para a sobrevivência.
Haja “Oscar” para distribuir aos atores e às atrizes de nossa sociedade!

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