sexta-feira, 14 de outubro de 2011

Eu quero mais é ser criança

Os anos passaram voando e não teve outro jeito a não ser amadurecer e assumir diversas responsabilidades. Tornei-me adulta, onde, para sobreviver, aos poucos, fui perdendo a minha magia infantil e entreguei-me às amarras da preocupação e da desconfiança.

Mas assim como o Peter Pan eu não quero crescer para me tornar este tipo de adulto. Recuso-me a ficar com a minha face séria e rígida para suportar a dureza da vida. Eu não quero passar pela vida, eu quero participar dela ativamente e olhá-la sob as várias facetas do caleidoscópio, maravilhando-me com cada olhar.

Não quero ter que ficar pensando no futuro, nas contas que tenho a pagar, nas pessoas que poderão me passar a perna, na violência urbana, no desamor... Não quero ser mais uma sobrevivente neste mundo, quero ser um ser vivo cheio de vida.

Quero transformar a minha criança em mulher e a minha mulher em criança, pois viver é transformar-se. Quero dar asas à minha imaginação, viver sem vergonha de ser feliz, e ter todas as razões para criar e recriar a vida, como uma verdadeira artista que pinta o sete.

Quero estar envolvida de corpo e alma com o que estou fazendo no momento, permitindo-me viver o presente e tudo que me importará é o aqui e agora.

Quero encarar a vida como uma aventura e me sentir uma desbravadora dos sete mares, permitindo experimentar e descobrir o desconhecido. E, mesmo aquilo que nunca tenha realizado, eu terei a convicção de que tudo é possível fazer, desde que eu deseje, tente e queira concretizar os meus sonhos, transformando-os em realidade.

Quero andar rumo ao meu desejo, mesmo que ainda não tenha conseguido dar um passo sequer, pois me sinto autoconfiante perante aos desafios e nunca duvido de mim mesma quando preciso ultrapassar as fronteiras do meu saber.

Quero sentir-me viva para viver a vida intensamente, tornando-a vibrante e pulsante, tais quais são as batidas do meu coração. Quero fazer do ato de viver uma eterna brincadeira, onde qualquer brinquedo mesmo as sucatas se tornam uma fonte de prazer em que construo os meus castelos de sonho.

Quero, apesar de chegar à velhice, continuar sendo uma eterna criança e nunca quero deixar de brincar de viver. E mesmo que eu brinque 100 anos, quero que a brincadeira permaneça interessante como se fosse desfrutada pela primeira vez...

Quero deixar-me viver tudo o que há para viver, sempre com entusiasmo, mesmo que para isso eu pareça ser boba. E na minha pureza e ingenuidade infantil tudo seja motivo para celebrar o fato de eu estar viva.

Como eu sei que jamais terei a oportunidade de viver novamente este instante precioso da minha vida, pois ela é única, eu quero mais é ser criança e deixar que ela viva dentro de mim cheia de alegria e repleta de amor, distribuindo sorrisos para todo o mundo! E que a minha criança seja livre para viver e para desvendar o divino mistério do Criador!

sexta-feira, 5 de agosto de 2011

Cada macaco no seu galho e cada profissional na sua área de atuação!

Na natureza, existem leis que estabelecem uma fronteira, uma divisão entre as espécies e uma hierarquia no convívio social para manter o equilíbrio natural. Os “bens imóveis” da natureza estão sempre sendo cobiçados e mudando de mãos segundo as leis de sobrevivência, como, por exemplo, ocorre com os macacos.


Os macacos passam grande parte de suas vidas nas árvores, todos em diferentes galhos e a diferentes níveis, uns fazendo a vigília para dar o alerta ao menor sinal de perigo, outros colhendo frutas, e outros simplesmente sem fazer nada ou brincando.

Eles vivem em bandos cujo território defende contra a invasão de outros macacos para garantir a sua sobrevivência. Há hierarquia dentro do bando. Os macacos elegem um macho para liderá-los e decidir como se dará a divisão do alimento e que espaço físico deverá ser ocupado que propicie o acesso ao alimento e à água.

Em contrapartida, o “posto de comando” dá ao macho alfa o privilégio de monopolizar os favores sexuais das fêmeas. Isso faz com que os mais novos visem e disputem essa posição social para também ter acesso às fêmeas.

Entretanto quando o macho alfa não corresponde à expectativa do grupo ou mostra fraqueza ou está velho demais ele é afrontado por outro macho e ou destituído do cargo pelo grupo. Quando o macho alfa perde a posição e o seu “cargo” fica vago, geralmente acontece uma disputa pelo poder entre os outros machos.

Em muitas ocasiões os macacos acabam estabelecendo alianças com os outros membros do grupo. E o macho que assume o “cargo” não é necessariamente o mais forte, até porque músculos sem cérebro não servem para muita coisa. Ele é escolhido pela capacidade de persuasão, de formar alianças mais poderosas e de utilizar a sabedoria/diplomacia para corresponder as expectativas de seu grupo, ou seja, ele é escolhido por sua competência e habilidades que garantam o alimento, a segurança e a perpetuação da espécie.

É impossível deixar de reconhecer a similaridade entre as práticas dos macacos e dos humanos, principalmente na estrutura organizacional e na ocupação de “cargos”.

O modo como se interligam e funcionam as partes que compõem a empresa determina os modelos de gestão, a quantidade de postos de trabalhos e o perfil profissional necessário para ocupá-los, a hierarquia, a divisão das tarefas, a comunicação dentre outros.

Por meio do desenho organizacional, são divididas, organizadas e coordenadas as atividades, cujas responsabilidades são atribuídas a pessoas ou grupos, com o intuito de produzir bens ou serviços para satisfazer necessidades específicas.

A ocupação dos cargos deve ser definida levando-se em consideração o conhecimento, habilidades, formação e experiências do candidato para o desenvolvimento das atividades pertinentes ao cargo no processo produtivo. Por isso a diversidade profissional é de fundamental importância para suprir todas as exigências advindas da criação dos postos de trabalho.

Todas as profissões são importantes, cada uma, tem a sua particularidade e a sua forma de remuneração, bem como requer um saber que é construído ao longo da carreira que depende de uma multiplicidade de fatores como: necessidade individual, ambição, experiências pessoais e profissionais, o desenvolvimento intelectual dentre outras. Por isso quanto mais alto e bem remunerado for o cargo, mais exigências de qualificações exigem dos profissionais para ocupá-lo.

Entretanto, muitas pessoas não hesitam em ser espertalhonas para levar vantagem financeira e usufruir de outras benesses existentes ocupando sem nenhum escrúpulo o cargo que ultrapassa as fronteiras do seu saber profissional e de sua habilidade, garantindo-se somente na indicação política.

Na ânsia de se darem bem, essas pessoas, olhando somente para o próprio umbigo, não medem os riscos de colocar a mão na cumbuca ao ocupar o lugar do outro. Nesse contexto, os “invasores” e o trabalho não podem se complementar, produzindo ruptura no processo produtivo por meio de uma interação de perde-ganha.

Ao fazerem a ocupação de um cargo somente por questão da indicação política, os “invasores” e os protetores se esquecem ou negligenciam o pequeno-grande detalhe de que a escolha de uma profissão e a ocupação do cargo é acompanhada de um conjunto de regras de conduta socialmente codificadas em normas, valores, princípios e regras da ética da profissão.

Não se pode fazer aquilo que não se conhece a não ser que se tenham atos desonestos na medida em que esteja seguro da impunidade, uma vez que querer ser bem sucedido sem trabalhar duro é como querer colher sem plantar.

O “invasor” normalmente vive do discurso e se sustenta na realização de ações que dão Ibope junto aos seus protetores. O que ele faz é só propaganda enganosa daquilo que não faz. Metade do trabalho realizado é para fazer com que as coisas pareçam o que não são, priorizando-se o fingimento de que estou trabalhando, ou seja, quando tem de fazer alguma coisa, faz alguma coisa; ainda que não seja exatamente aquilo que devia fazer. Neste caso a ineficiência pode passar facilmente por eficiência, apesar dos resultados dizerem o contrário futuramente comprometendo o processo produtivo e a sobrevivência organizacional.

Fica a pergunta – os profissionais não têm a obrigação de honrar os benefícios dos cargos que ocupam produzindo resultados positivos para a empresa pública ou privada e para a coletividade?

A escolha de uma profissão exige do profissional estar disposto a investir no saber. E o saber leva tempo. A formação profissional requer o desenvolvimento de competências e habilidades numa área específica e uma adesão e comprometimento com a categoria profissional por meio do juramento de cumprir regras estabelecidas como as mais adequadas para o exercício da profissão, fazendo parte do comprometimento do profissional ser eticamente correto.

A competência é um processo que se constrói com atitudes agregadas à ação cotidiana, dedicação individual associada à profissionalização e à busca contínua pelo aprimoramento da capacidade profissional e pessoal, mediante estudos, honestidade/ética, observações, reflexões, articulação de conhecimento, partilha e comunicação de resultados.
A ética é necessária para tutelar a liberdade de cada área de conhecimento um contra a invasão de todos, e a liberdade de todos contra os atentados de cada um. Por isso é fundamental importância que cada um saiba escolher bem a sua profissão e atuar dentro dela de forma honesta.

Analisar o tipo de trabalho e as competências necessárias para ocupar o cargo é um determinante para o sucesso profissional e organizacional como também gostar daquilo que se pretende fazer.

Antes de aceitar qualquer proposta de trabalho, o profissional honesto, além de avaliar os aspectos remuneratórios, deve se perguntar sobre os deveres assumidos, quais serão suas responsabilidades, o que esperam dele na atividade, o que ele deve fazer, e como deve fazer e principalmente se ele tem o perfil profissional adequado para evitar assinar seu próprio atestado de incompetência.

Com isso o profissional trabalha de forma competente na sua área de atuação gerando resultados positivos e mantendo uma relação ganha-ganha com a empresa pública ou privada que escolher trabalhar.

Afinal de contas, nada melhor do que a perfeita combinação entre o profissional e o seu cargo para a obtenção da excelência organizacional. Sonho de consumo de qualquer departamento de RH!

quinta-feira, 16 de junho de 2011

A importância de sonhar

Há quem diga que todas as noites são de sonhos. Mas há também quem garanta que nem todas, só as de verão. Mas no fundo isso não tem importância. O que interessa mesmo não são as noites em si, são os sonhos. Sonhos que o homem sonha sempre, em todos os lugares, em todas as épocas do ano, dormindo ou acordado.


O incrível mundo dos sonhos dá um toque mágico à vida. Sonhos nascem a cada dia, a cada hora, a cada minuto, sem percebermos um sonho nasce dentro do nosso coração. Os sonhos nos permitem viver o estranho, o diferente, o novo e libertar a alma dando asas à imaginação e à criação. Sonhamos com a vitória, com o sucesso e a realização de nosso projeto de vida. Não existem limites para a nossa capacidade de sonhar e, por conseguinte, realizar. Basta olhar ao nosso redor para perceber a capacidade imensa do potencial humano.


Os grandes realizadores são homens que sonharam alto e acreditaram na realização dos seus sonhos, agindo persistentemente para torná-los reais. Três forças principais, além de outras, foram utilizadas sempre: imaginação, fé e ação.


Independente do tipo de sonho, devemos sempre acreditar neles, mesmo que tudo nos leve a pensar que parece impossível. Lembrando-nos de que sonhos são apenas devaneios sem ação. A realização de um sonho começa a se concretizar quando o colocamos em prática através da idealização de um plano, projeto ou do estabelecimento de uma meta. É necessário alimentar diariamente os nossos sonhos colocando, sempre, uma pitada de emoção; reconhecendo que eles são dádivas da alma, carregados de pura emoção, que devem ser alimentados sempre através da energia da fé. Mas, a ação é imprescindível assim como a emoção é indispensável. Tudo isso deve sempre estar aliado a um outro fator chave de suma importância: a persistência. Sem persistência a fé não resiste e a ação é interrompida. Na medida em que persistimos, melhoram as nossas expectativas com relação ao objeto de nosso ideal ou meta. Com isso, a cada dia nos tornamos mais confiantes, atingindo assim uma capacidade técnica maior e, uma maior interação com os lampejos que surgem da intuição. Daí emerge finalmente o “insight” definitivo que nos brinda com a vitória.


Deixe que os sonhos vivam, deixe que eles floresçam, permita que eles se enraízem na sua alma e alegrem seu espírito. Então viva e sonhe cada momento de sua vida como se fosse o último minuto pois quando você acordar seus sonhos passam a se tornar real…


O mundo está nas mãos daqueles que têm coragem de sonhar e correr o risco de viver seus sonhos. Busque forças dentro de você. Acredite na beleza dos seus sonhos e na capacidade de realizá-los. É preciso sonhar, sempre, para manter viva a chama do entusiasmo que brota da alma. Creia na realização dos seus sonhos e aja, persistentemente, em busca daquilo a que se determinou a fazer. Isso o fará realizar pequenas ou grandes coisas, dependendo de sua vontade livre e de sua capacidade de colocar os seus planos em ação.

sexta-feira, 29 de abril de 2011

Perdido pelo poder, apaixonado pelo material e amante do dinheiro

A fórmula composta por poder, paixão e amor pelas coisas materiais resulta na estimulação dos mais terríveis e temíveis vícios humanos, com os quais só é possível conviver envolvido numa igualmente alucinante e compensadora ilusão e fantasia.

Cada homem traça e segue o próprio caminho, empregando todos os meios e recursos para atingirem os seus fins sempre de olho na felicidade e no que pode ganhar com cada empreitada.

Alguns homens acabam empreendendo todos os esforços numa luta por coisas muito pouco adequadas à luta, desviando toda a sua atenção para a tola questão de se mostrar melhor do que o outro, abandonando o ser e voltando-se para o ter numa combinação de interesses que resultam numa diminuição dos sistemas de valores e da visão do mundo.

O desejo de poder anda de mãos dadas com a assunção de grandes riscos. O poder, ah o poder! Algo tão efêmero quanto a fumaça de uma fogueira de papel, mas tão perturbador como a droga. Quando se tem muita fome pelo poder o homem acaba se contentando com migalhas.

Não se pode ter nenhum controle sobre o poder, ele simplesmente vai e volta num ritmo próprio e sem muito compromisso num caminho errante e imprevisível, que se constitui numa eterna busca de algo que nunca pode ser atingido. É feitiço lançado sobre a alma do homem, envolvendo-a de tal forma que é quase impossível deixar de se levar pela sua sedução e ser apanhado nas garras da paixão, fortalecendo a vaidade do ego e tornando o homem capaz de fazer guerra, de passar por cima das pessoas e avançar rumo à morte para manter-se com ele ou nele.

Na encruzilhada da escolha, o homem fica dividido entre o desejo de obter mais poder e o desejo de desfrutá-lo (ou saboreá-lo) e aposta sempre na sua sorte para tentar conseguir obter mais poder a qualquer custo, mesmo que isso implique a descida da alma ao submundo.

A paixão é um desejo irresistível de ser irresistivelmente desejado o qual conduz o homem ao estado mental transitório que desmobiliza a razão. A paixão é igual a uma fogueira que queima e evapora de uma só vez toda a energia disponível. É como se vivesse em um só dia toda uma vida, não deixando nada para depois.

A paixão pelas coisas elimina a visão crítica e a percepção acerca da importância do ser, uma vez que naturalmente só se dá valor àquilo que pode ser demonstrado pela matéria e não pelos sentimentos/emoções. O significado das coisas não está nas coisas em si, mas sim em nossa visão e no valor que atribuímos a elas.

Na paixão há delírio, otimismo, e um pedacinho do paraíso. Mas o que vem depois?...Só frustração e decepção! Não há nada pior do que uma paixão, pois ela normalmente é um samba de uma nota só, onde não há a reverberação do som...

O dinheiro alimenta a luxúria e a vida promíscua de seus amantes. No pântano da ilusão, ocorrem as relações clandestinas onde os sonhos, transas, pensamentos, suspiros, dores, lágrimas, do pobre amor são companheiros certos que compartilham aventura e fardo.

Ama-se o dinheiro mais pelo que ele representa dentro da sociedade do que pelo seu valor monetário. O que as pessoas querem não é o dinheiro, querem o fausto, querem amor e admiração que ajudem a aumentar a sua sensação de grandeza perante os outros em virtude das posses que acumula e ostenta ao longo do tempo.

Os amantes, com um quê de artistas, emergem do uso do dinheiro rumo ao pedestal social e utilizam toda a criatividade na arte de mentir para garantir a venda de uma imagem de vencedor, a fim de serem admirados por todos.

Entretanto a satisfação não é duradoura, pois o dinheiro irá inexplicavelmente abandonar os seus amantes, levando consigo todas as ilusões e juras de amor. Só neste momento, após a perda do encantamento e o retorno à realidade, que os amantes descobrem os defeitos do seu objeto idolatrado.

Somos frutos de nossas ações, comportamento e até de nossos pensamentos, na medida em que agimos e reagimos aos obstáculos apresentados pela vida. Portanto se queremos nos livrar dos nossos vícios, devemos nos manter vigilantes, pois é muito fácil enganar a nós mesmos, pois acreditamos naquilo que desejamos e fazemos tudo para satisfazer os nossos desejos.

O maior prêmio que a vida oferece é a chance de sermos felizes de forma simples. As coisas materiais fazem parte da vida, mas não podemos deixá-las ser a nossa razão de viver. É preciso amar as pessoas e usarmos as coisas e sintonizar a mente na mesma freqüência do coração, tirando o máximo de proveito da vida, investindo tempo no amor e nas relações interpessoais, bem como é importante lembrar que não podemos nos tornar o que devemos ser se continuarmos sendo o que somos.

segunda-feira, 25 de abril de 2011

Mecanismos de defesas que se tornam armadilhas da alma humana

A luta faz parte da Lei da Sobrevivência e, para vencermos as dificuldades apresentadas pela vida, aprendemos a lutar e nos defender dos perigos. Mas como fazemos isso?

Quando criança, desenvolvemos um mecanismo de defesa e de auto-proteção do Eu para amenizar a dor emocional causada pela necessidade de reprimirmos sentimentos e pensamentos primitivos a fim de nos adaptarmos à realidade da nossa família. O mecanismo de defesa é uma forma de aceitação do não ser a fim de que um pouco do ser possa ser preservado para a criança continuar vivendo em sociedade.

Cada criança desenvolve o seu próprio mecanismo dependendo da experiência que tiver no seio familiar. Inclusive irmãos, mesmo passando por experiências parecidas, podem desenvolver mecanismos de defesa diferenciados em virtude da sua forma peculiar de ver o mundo e de sentir as pressões.

A repressão dos sentimentos e pensamentos dependendo da força e rigidez aplicada pelos pais na educação produzirá defesas psicológicas totais ou parciais na criança para lidar com algumas adversidades da infância tais como: a dor, a frustração, a rejeição e a raiva.

O objetivo maior da defesa é criar uma barreira que afaste da consciência todas as situações potencialmente provocadoras de ansiedade e de impotência, restringindo a percepção somente às coisas suportáveis pelo Eu dentro de uma esfera segura. Embora haja um alívio da dor, o foco de tensão/ansiedade continua fazendo parte da psique provocando sensações desconfortáveis em determinadas situações que coloca em confronto o consciente com o inconsciente.

Algumas manifestações mais primitivas e originais entram em ação quando se vivencia uma situação onde nos sentimos fracos, vulneráveis e indefesos contra os nossos medos semelhantes aos que nos fizeram criar o mecanismo de defesa.

A situação de tensão pressiona o botão do subconsciente e o faz aprisionar a razão e abrir as comportas do medo que possui maior força do que a própria realidade, transformando aquilo isento de sentido em algo de grande e temeroso, ou seja, até um inofensivo mosquito vira um monstro a ser combatido com todo o poder de fogo existente. Há algo mais assustador do que o medo?

Conseqüentemente anos mais tarde, por mais que se altere a nossa realidade, por força do hábito nós continuamos enxergando o mundo pelas mesmas lentes infantis e insistindo com a defesa mesmo quando não há absolutamente nenhuma razão e/ou vantagem em nos defender.

Esse mecanismo de defesa infantil trava nossa mente, uma vez que nos impossibilita de fazer uso da função de pensar alcançado com a maturidade e de analisar o cenário e de manter sob controle os pensamentos, fazendo que tomemos atitudes do tempo de criança.

Cada um de nós é o que é possível ser em cada momento da nossa vida, ainda que sejamos menos do que podemos ser. Conhecer o nosso mecanismo de defesa e os pensamentos que se hospedam na nossa mente, sabendo diferenciá-los entre úteis e inúteis, são fatores importantíssimos para compreendermos as causas que nos levam a utilizarmos nossas armas de forma inapropriada e de mudar nossas posturas perante os desafios da vida.

De fato o mau-hábito é difícil de ser eliminado, mas é possível mudá-lo com a criação de novos hábitos. Somente dentro de nós é possível encontrar uma vontade inquebrantável para eliminar tudo que possa dificultar a superação dos nossos medos e evolução do nosso ser. Há necessidade de fazer uma reprogramação mental, iniciando por uma limpeza geral da mente, do recolhimento das armas e sua utilização em momentos apropriados e da destruição do botão que aciona o mecanismo de defesa das coisas imaginárias, bem como do redirecionamento do pensamento na direção do amor, do sucesso, da felicidade e da vida.

Nunca é tarde para começar. Comecemos hoje mesmo o nosso processo de transformação. Tenhamos atitudes que nos tragam os melhores benefícios dentro do contexto, dando valor ao que realmente for valioso e tornar irrelevantes as questões mínimas. Andando pelo caminho de vida com esta consciência certamente as melhores coisas acontecerão.

quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

Liberdade X Prisão = escolhas da vida

Desde a mais tenra idade aprendemos sobre a importância da liberdade e de lutamos por ela. Como bem disse Cecília Meireles: - a liberdade é uma palavra que o sonho humano alimenta, não há ninguém que explique e ninguém que não entenda.

A verdadeira liberdade é um ato puramente interior, onde há a escolha do modo que queremos viver e do sentido que daremos à nossa vida.

Em todas as situações da vida, sempre teremos duas ou mais possibilidades para escolher, normalmente antagônicas e complementares entre si, como: enfrentar, retroceder ou fugir do problema, expor ou camuflar os sentimentos, seguir as regras ou chutar o pau da barraca etc.

A existência de mais de uma possibilidade de escolha, obriga-nos a tomar decisões que decorrem da capacidade de argumentarmos conosco mesmos acerca das informações e experiências que acumulamos ao longo da nossa existência e de chegarmos a uma conclusão sobre a melhor alternativa, ou seja, aquela que atenderá melhor às nossas demandas individuais.

A escolha é individual e intransferível. Escolhemos e obtemos os resultados da nossa escolha o tempo todo. O dia de amanhã trará os resultados da escolha do dia de hoje e assim sucessivamente. Se escolhermos semear sementes de flores, colheremos flores, se escolhermos nos enchermos de rancor, ficaremos ressentidos, se escolhermos deixar que outra pessoa nos domine e controle, ficaremos inertes. Por isso não podemos culpar ou responsabilizar ninguém pelos resultados advindos de nossas escolhas, até mesmo de não fazermos escolha.

Entretanto a nossa liberdade de escolha é interdependente e limitada pelo social e por nós mesmos. Em virtude da convivência social, nem sempre podemos fazer tudo o que queremos, bem como ter domínio completo da nossa vida e, não raras vezes, nos tornamos produtos do meio em que vivemos. Em virtude de nossos pensamentos e sentimentos, agimos de forma negativa ou positiva que pode limitar ou expandir o nosso campo de atuação diante da vida.

Para avaliar se a escolha é pertinente, adequada e suficiente precisamos saber como ela se encaixa no cenário no qual a nossa vida está inserida. Assim, para cada escolha, deve-se pelo menos ter a visão dos seus desdobramentos inclusive os aspectos legais e morais, para que, de alguma forma, possamos ter a noção dos riscos envolvidos e dos resultados a serem obtidos a partir dela.

Escolher significa ter alguma coisa e abrir mão de outra. Muitas vezes a escolha gera momentos de conflitos internos e de grande dor, principalmente quando não conseguimos deixar para trás o passado e teimamos em repetir erros, achando que com o mesmo comportamento obteremos resultados diferentes. Essas grandes e solitárias batalhas interiores podem provocar distorção dos fatos e a queima de etapas da vida.

Se não formos capazes de fazer a escolha e/ou tentarmos transferir a responsabilidade para outra pessoa, ficamos perdidos em um complexo labirinto de problemas e de falta de ação para resolvê-los, e nos colocamos no isolamento do eu, aprisionando-nos dentro de nós mesmos com os turbilhões dos nossos pensamentos e emoções fragmentados, tornando-nos pobres de espírito, arrastando pela vida correntes de desilusões, mágoas e ressentimentos e mergulhando em estado de angústia, ansiedade e irritabilidade.

É o sentido que damos a tudo, mesmo àquilo que não o tem, que vai determinar a liberdade que teremos ao nosso dispor. Quando utilizada de forma consciente, a liberdade impulsiona para a felicidade tão almejada, caso contrário para a prisão, uma vez que a alma responde proporcionalmente ao seu estado de liberdade e espontaneidade ou ao seu estado de aprisionamento e repressão.

O que se percebe é que as prisões são produzidas no território da emoção quando nós lidamos com os obstáculos da vida por meio das nossas escolhas e não superamos as frustrações. Existem mil e uma formas de prisões que assolam as almas: o cárcere do ressentimento gradeado pelas tristes lembranças de mágoas e cercados por imagens de cenas vividas e de tramas e soluções que nunca se concretizam, o cárcere da síndrome do pânico gradeado pela necessidade de esconder do mundo ameaçador, o cárcere do ciúme gradeado pela falta de confiança em si mesmo, o cárcere da inveja gradeado pela ambição de possuir coisas que são de outrem, e tantos outros cárceres.

O regime de prisão dependerá do tipo de personalidade de cada um. A prisão pode ser pela maneira de pensarmos ou de nos locomovermos. Na primeira, encarceramo-nos e jogamos as chaves fora, sozinhos, com os nossos pensamentos e emoções que nos impedem de ver e viver a poesia da vida; na segunda, impedimos os movimentos do corpo e não nos damos a oportunidade de locomover e explorar todo o espaço sideral disponível.

O pior de tudo isso é que acabamos nos acostumando com a prisão e aprendemos a projetar imagens mentais de nos mesmos de forma separada da percepção das outras pessoas, gerando, assim, uma ilusão de ótica que restringe os nossos desejos pessoais, conceitos e relações interpessoais. Quanto mais tempo formos prisioneiros de nós mesmos, mais intensificará a nossa ansiedade, que será canalizada para produzir diversos sintomas psicossomáticos que repercutirão na nossa saúde física e mental.

Tudo que deixamos ter poder ou domínio sobre nós é uma prisão. Entretanto há como nos libertamos dela a partir do momento que decidirmos pegar as rédeas de nossa vida e fazermos escolhas saudáveis que venham de encontro com nossos desejos, aspirações e nossas singularidades, embora seja tarefa quase impossível de nos livrarmos de todas as prisões mentais existentes.

Podemos aprender a cultivar o sentimento de sermos livres nas mais diversas circunstâncias do dia a dia da vida: sentir-nos livres até num cárcere, e a estar sozinhos até no meio da multidão, por meio da conexão da respiração, mente, energia e corpo.

A partir dessa conexão, abre-se o canal para a transformação da consciência que nos permite passar do mundo conceitual do pensamento ao campo da consciência incondicionada, fazendo com que entremos em contato com a nossa essência, onde mora o nosso ser, completamente unificado com o universo e capaz de vislumbrar além do horizonte das aparências e limitações, permitindo transformar todos os sonhos em realidade.

A unidade do ser – que inclui o corpo, os sentimentos/pensamentos, a intuição e o espírito – é impulsionada por energia vital e por uma graça natural e fluida da vida que permite aprender a proteger a emoção nos focos de tensão, a trabalhar as dores e contrariedades, a expandir a arte de pensar e o prazer de viver, resgatar o sentido da vida e nos libertar das nossas prisões mentais.

Por meio da nossa escolha consciente e livre de neuras, somos estimulados a fazer um brinde à sabedoria, conferir sentido à nossa vida, resgatar a espontaneidade, estar presente, ouvir os desejos, estar conectado às diversas dimensões humanas, ser antes de ter e a nunca desistir de nós mesmos, por piores que sejam os nossos problemas e por mais intransponíveis que pareçam ser nossos obstáculos.

quinta-feira, 6 de janeiro de 2011

Muitos caciques para poucos índios!

Entre os indígenas não há classificação social e os trabalhos e seus frutos são realizados e distribuídos pela tribo. O trabalho é dividido por sexo e idade. As mulheres são responsáveis pelas atividades domésticas: preparo da comida, cuidado das crianças, plantio e colheita, enquanto os homens são responsáveis pelo trabalho mais pesado: caça, pesca, guerra e derrubada das árvores.

A inexistência de classificação social faz com que todos possuam o mesmo direito e tratamento, mesmo o pajé (curandeiro e sacerdote) e o cacique (organizador e orientador dos índios), as duas figuras mais importantes da tribo. Este tipo de ligação entre todos permite o desenvolvimento de um forte sentimento de unidade e de relações cooperativas.

Diferentemente do indígena, o homem “branco” adota a divisão de classes e de trabalho. A divisão de classes tem por finalidade estruturar as pessoas dentro de camadas sociais segundo o seu nível de posse (poder aquisitivo) e do poder de influência na sociedade. Quanto mais alto a pessoa estiver na escala social, mais benefícios ela usufrui da sua posição. Normalmente esses benefícios estão relacionados à exploração da força de trabalho das classes que estão a ela subordinadas. Já a divisão de trabalho tem por finalidade produzir mais com o mesmo esforço, onde cada um dos trabalhadores executa uma operação parcial de um conjunto de operações que são, todas, executadas simultaneamente e cujo resultado é o produto final social. Na verdade, o trabalho do trabalhador é estranho a ele. Ele produz, mas não se apropria de sua produção, recebendo em troca tão somente um salário e alguns benefícios tangíveis e intangíveis.

As divisões de classes e de trabalho tanto nas empresas públicas quanto nas empresas privadas foram construídas historicamente, respondendo às exigências dos diversos modos de produção desenvolvidos ao longo da história da humanidade.

Essas divisões provocam relações hierarquizadas entre os indivíduos. As conexões e a cooperação entre estas diversas partes, que não podem subsistir isoladamente, constituem um dos maiores desafios da organização social dos brancos.

Para lidar com as situações provocadas pela divisão de trabalho, foi estabelecido no âmbito das empresas privadas e públicas sistema de ligações entre as diferentes partes produtivas por meio da chefia institucionalizada. Para a ocupação dos cargos, são denominadas pessoas que recebem inúmeros títulos tais como: "capitão", "líder", “chefe”, “cacique”.

Nos órgãos públicos, não obstante os rituais administrativos de criação de funções comissionadas sejam celebrados dentro da legalidade, eles funcionam como brecha da lei para os detentores do poder colocar pela “janela” seus parentes e amigos, constituindo-se em um dos maiores erros da administração na condução da coisa pública.

Quando há a criação de cargos para atendimento tão somente de interesses particulares, acaba desequilibrando a amplitude de controle. Entende-se por amplitude de controle a quantidade de funcionários que um administrador consegue dirigir com eficiência (meios) e eficácia (resultados). A existência de um número maior de chefes para cada subordinado, bem como o seu inverso é prejudicial para o bom andamento dos serviços da empresa, como diz o ditado “ninguém pode servir a dois senhores”.

Alguns autores, como Joseph Litterer, consideram como amplitude de controle ótima o número de quatro subordinados para cada chefe, bem como apresentam duas recomendações básicas: que sejam usadas todas as relações possíveis: 1) singular direta: o chefe com cada um dos subordinados individualmente, 2) grupal direta: o chefe com cada permutação dos funcionários, e 3) cruzadas: quando os subordinados interagem - e que o chefe esteja envolvido no supervisionamento de todas essas relações.

É comum verificar na estrutura organizacional dos órgãos públicos, uma cadeia hierárquica onde cada chefe tem apenas um subordinado, que também é chefe de apenas um subordinado ou dele mesmo e assim sucessivamente.

Evidentemente se no setor só tem o chefe ou no máximo um subordinado, ou o chefe terá que executar as tarefas como um simples servidor ou sobrecarregar o subordinado que deverá realizar todo o serviço operacional.

Além disso, em virtude da forma ilegítima de ocupação do cargo por parte dos parentes do detentor do poder, muitos desses chefes se sentem no direito de serem servidos em vez de servirem aos propósitos do órgão, transformando-se em sanguessugas da coisa pública.

Assim os funcionários ficam órfãos de uma boa administração e sujeitos a servirem os caprichos de caciques forjados que a única coisa que sabem fazer é exibir seus majestosos cocares de chefes.

Quando se tem discrepância no dimensionamento das funções comissionadas, significa que se aumenta o número de chefes e o custo com pessoal e diminui-se a força produtiva de servidores para a execução das tarefas, gerando a ociosidade da capacidade do chefe de coordenar as atividades, falta de delegação, pouco desenvolvimento dos subordinados, o corporativismo, a indefinição das esferas pública e privada, a desmotivação, entre outros.

Por isso, a Administração Pública deve promover ações que asseguram a satisfação das necessidades coletivas variadas, tais como a segurança, a cultura, a saúde e o bem- estar da população brasileira, ou seja, deve dar novo matiz, nova entonação para a criação e a distribuição de funções comissionadas, pois a ocupação da função comissionada por meios legítimos, observando-se a amplitude de controle, de maneira geral estimula o aumento da produtividade e a melhoria do nível de competências da organização.