sexta-feira, 27 de junho de 2014

O Canto do Encontro da Felicidade de Criança


Na tela da minha memória, encontram-se registradas cenas da minha infância que exalam cheiro de saudades dos tempos em que vivi com meus pais e irmãos de onde até hoje ecoam gostosas gargalhadas de crianças inocentes que coloriram e encheram a casa de alegria de viver.
Até os meus 6 anos de idade, só tenho vagas lembranças de quando eu morava no Cruzeiro Novo e logo após em Sobradinho. Mas, desde o dia 06 de maio de 1975, dia em que também comemoramos o nascimento de meu pai, essas lembranças não só aumentaram como também foram mais bem capturadas pelas lentes cinematográficas do meu cérebro, garantindo uma boa reprodução do meu filme da vida.

A nossa casa, edificada na solidez dos princípios e valores familiares de meus pais, era o nosso verdadeiro lar-santuário. Ela era um barraco  bastante modesto, mas bem cuidado por todos nós, cujas atividades eram realizadas de acordo com a idade e sexo de cada um. Quanto mais velhos ficávamos, maiores eram as nossas responsabilidades para com as atividades domésticas e de cuidados com os menores. Acredito que isso fez com que ficássemos bem preparados para assumirmos a responsabilidade de administrar bem uma casa e a nossa vida em todas as suas dimensões.
A casa não era nem grande e nem pequena, mas tão somente suficiente para acomodar a todos nós 8 (pai, mãe, 5 filhas e 1 filho) que lá morávamos. Possuía um amplo quintal cercado por estacas de madeira, onde podíamos nos divertir à vontade segundo a nossa imaginação e saborearmos das frutas da mangueira, do abacateiro, da pitangueira e da goiabeira. Só limpá-lo que não era muito bom. Frequentemente ele ficava coberto por folhas que necessitavam ser rasteladas e queimadas, aumentando o tempo de cumprimento da obrigação e diminuindo o tempo da diversão...
 Suas janelas, durante o dia, eram sempre mantidas abertas, permitindo a entrada de muita luz, circulação do ar nem sempre agradável por causa do chiqueiro do vizinho, e muitas vezes a entrada de um quilo de poeira quando algum carro passava na rua de chão batido. Quando chovia, as gotas tocavam verdadeiras músicas no telhado de zinco, as quais embalavam nossos sonhos infantis e/ou revelavam buracos existentes na telha, exigindo providências imediatas de busca de balde e de conserto posterior. Por não possuir forro, de vez em quando, entravam morcegos, despertando-me verdadeiro terror e a necessidade de meu pai vir ao meu socorro como meu super-herói, afugentando-os e/ou matando-os.
 A celebração da vida se fazia no dia a dia. Só a reunião de todos da família em casa por si só já era uma festa bem barulhenta, tal qual um grupo de maritacas sobre um galho em dia ensolarado. Era impossível se ter silêncio na casa, por isso aprendemos a nos concentrar dentro do barulho. Tínhamos sempre visitas que podiam entrar sem bater e sair antes do nosso toque de recolher para dormir, cujo horário ocorria junto com as galinhas...
A todo o momento, após o cumprimento de nossos deveres, um dos coleguinhas chegava para  partilhar um dia de brincadeiras divertidas, que rendiam sorrisos sinceros e estreitamento dos laços de amizade. Até porque minha mãe não gostava que ficássemos na rua e nem na casa do vizinho, mas não se importava se trouxéssemos todos eles para brincarem conosco no nosso quintal...
A nossa infância não foi o tempo todo um mar de rosas. Lógico que nos deparamos com alguns problemas financeiros e de desentendimento e tudo àquilo que se tem em uma família grande, mas todas as coisas ruins foram superadas por todos nós que sempre tivemos um espírito de equipe e cheios de sentimentos nobres dentro de nossos corações.
A cozinha, além de servir de local de preparo da comida, era o meu ponto de encontro favorito. Durante a refeição, a vida podia ser debatida, vivida, sonhada, bem como podíamos degustar da comida feita pela minha mãe e/ou pai, que mais parecia o manjar dos Deuses. Até hoje me dá água na boca só de pensar na polenta turbinada com carne de panela, verduras e legumes que era preparada e servida nos períodos de frio e no feijão refogado com bastante alho, cujo aroma me fazia flutuar em direção da cozinha. Troco qualquer banquete por um prato de comida feito em casa. Pena que não posso mais degustar de algumas delícias que meu pai preparava, pois ele partiu para sua nova jornada em 2008...
Algumas vezes, sem avisar, apresentavam-se mais bocas famintas e/ou os nossos coleguinhas eram convidados para fazerem uma boquinha conosco. Isso fazia com que houvesse a necessidade de colocar mais água no feijão ou se comer um pouco menos para poder a comida ser suficiente para todos. Por mais que fosse nos privar de alguma coisa, tínhamos um enorme prazer de dividir tudo que possuíamos para que todos pudessem ter o direito de comer pelo menos de um pouco de tudo, saciando a sua fome.
Não precisava ter uma ocasião especial para nos reunirmos e nem muito dinheiro, bastando somente imaginação e querência de ficarmos juntos. Jogar baralho, brincar em cima das árvores, caçar caju no cerrado, bater papo na varanda ou em volta de uma fogueira tomando Chapinha, um vinho de quinta categoria comprado por meio da vaquinha, jogar vôlei, construir carrinho de rolimã e pipa, quebrar vidro para fazer cerol etc.. Como coração de mãe, as portas da minha casa estavam sempre abertas para acolher a quem quisesse ser coberto de bem-querer.
E quando havia evento especial, nós limpávamos a casa e nos preparávamos para a chegada dos nossos convidados, vestindo a melhor roupa, acompanhada com o sorriso estampado no rosto e a fragrância de nossas almas perfumadas de alegria por recebê-los em casa e partilhar do que tínhamos de melhor: o nosso lar.
E o sentimento de se sentir em casa acompanhou a todos os que compartilharam do aconchego da minha família. Tanto que, quando meu pai fez sua passagem para a vida espiritual, uma das coisas que foram ditas e repitas por todos que prestaram suas últimas homenagens foi o reconhecimento de seu jeito anfitrião de ser de bem receber a todos. Entre e sinta-se como se estivesse em casa era o seu lema.
Assim não era necessário sair de casa para encontrar a felicidade, ela estava disponível o tempo todo ali mesmo para nós. Mesmo, plantada no meio de uma favela, a minha casa era um rico e fantástico lar cheio de cuidado, respeito, lealdade, bondade, ajuda mútua, apoio, atenção, boa vontade, prazer e alegria, coração aberto e muita entrega. Lá a atmosfera do amor era sempre uma constante que enchia os nossos corações e perfumavam nossa alma, dando a liga para a união de todos os membros da família e permitindo que se dividissem problemas, multiplicassem-se alegrias e eliminassem as desavenças.
Vivi em um lugar mágico que parece não ter mais fim... Lá era possível dar asas a minha imaginação e brincar de viver. A felicidade provinha normamente do convívio familiar, das coisas simples e corriqueiras da vida.
Fomos crianças felizes com tudo o que nós podíamos possuir. Nós não tivemos nada de supérfluo, mas tão somente tudo aquilo de que nós precisávamos para viver. Vivemos sempre em abundância, pois soubemos aproveitar tudo àquilo que nossos pais puderam nos oferecer, muitas vezes à base de enormes sacrifícios pessoais para tornar a nossa vida um grande parque de diversão.
E quando casei, fiz questão de trazer para minha nova casa um bocado de coisas que tinha aprendido na casa dos meus pais, ou seja, que basta está rodeada pela família para me sentir feliz. E até hoje sinto que não existe no mundo outro lugar melhor do que a minha casa... Por isso a volta para minha casa sempre é muito prazerosa.
 Enfim, a minha infância é uma memória viva. Basta nos reencontrarmos e começarmos a conversar para que essas lembranças nostálgicas venham à tona, como um filme,  fazendo-nos reviver os momentos de magia vividos em outrora. As recordações são de simples travessuras de furar lata de leite condensado e não deixar quase nada para preparar o pudim de leite, passando pela experiência do meu irmão de jogar um fósforo aceso dentro da garrafa de álcool e olhar para ver como é o processo de combustão...
E não nos cansamos de percorrer o caminho de volta das nossas lembranças até chegarmos ao nosso tempo de criança. Muitas vezes somos até estimulados pelos nossos filhos e sobrinhos que gostam de se divertir com os nossos causos, principalmente contados pelo meu irmão que possui uma veia artística da improvisação e de nos fazer rir com o seu jeito matreiro de ser.
Espero sinceramente que os meus filhos passem para os meus netos todo o aprendizado que tiveram a oportunidade de vivenciar no dia a dia do convívio familiar e de transmitir todo o amor que receberam de todos nós, dando continuidade às suas raízes e perpetuando a fonte de felicidade.

terça-feira, 17 de dezembro de 2013

Mãos Curadoras

Deus concede dons especiais a cada um de Seus filhos para que possam servi-Lo em Sua obra divina. Um dos dons concedidos a mim foram mãos de cura,  cuja energia acesso por intermédio de “processo de sintonização” com Deus, que permite eu canalizar a energia vital e repassar adiante a minha unção especial.

Para fazer jus a este dom, tento utilizá-lo me espelhando no maior mestre de cura de todos os tempos pela imposição das mãos, Jesus Cristo. O qual, utilizando-se da energia etérea à distância e também colocando seus dedos em partes do corpo, curou aleijados, cegos, leprosos e todos aqueles que buscaram com fé a Sua ajuda, bem como concedeu a Seus discípulos poder para revelar os mistérios da vida.

Tenho consciência de que este trabalho de cura requer vigilância diuturna do meu ego e de que deve ser prestado gratuitamente a todos que a mim se socorrerem. Por isso peço a Deus, antes de iniciá-lo, que meus atos sejam frutos da compaixão e não da vaidade e estejam ungidos do Espírito Santo para que eu possa vivenciar tão somente o amor do Pai com o meu próximo.

Antes de qualquer trabalho de cura, certifico-me se estou em perfeito equilíbrio mental, emocional e espiritual, a fim de que só possa fazer o bem e evitar qualquer contaminação energética proveniente de pensamentos e sentimentos impuros.

Por meio de um ritual de meditação, contando com o aroma de incensos, evoco a presença de Deus para que durante o trabalho me acompanhe e me instrua como devo proceder para ajudar a cada um dos que preciso ajudar dentro de suas necessidades e das minhas capacidades humanas.

Faço a abertura do trabalho, abrindo o meu plexo solar e orientando a pessoa para respirar em quatro tempos. Quando inspirar, deve pensar em todas as coisas maravilhosas que deseja para si e prender dentro do corpo todos os fluidos positivos até enquanto conseguir. Logo após deve expirar, desfazendo-se de tudo aquilo que a esteja causando dor e sofrimento, mantendo totalmente vazio aquele espaço para que possa ser preenchido com o Prana, oriundo do Sopro Divino.

Durante toda a sessão terapêutica, rezo o Pai Nosso, solicito que seja procedida à cura por meio de minhas mãos e digo palavras de otimismo. Com a imposição das minhas mãos sobre o corpo, às vezes associada com toques em pontos vitais teleguiados pelo Espírito Santo, transfiro a luz de Deus que formam campos magnéticos de alta intensidade nos locais afetados pela doença.

Percebo que muitas vezes as dores dilacerantes, apesar de se apresentarem no corpo físico, são provenientes da alma desejosa de cuidados das feridas  nela abertas no campo de batalhas realizadas ao longo da vida.

Como um passe de mágica, minhas mãos ficam como vulcão em erupção, transbordando energia que se infiltra e difundi pelos órgãos necessitados do corpo, possibilitando a restauração das enzimas danificadas, o desbloqueio energético e a harmonização da energia global do organismo,  reestabelecendo o equilíbrio espiritual, social emocional e físico.

A troca de energia é fabulosa. Eu deixo um pouco de mim e recebo um pouco do outro num processo harmônico de acolhimento do ser na sua mais pura essência divina que habita em cada um de nós, abençoada por Deus.

Neste momento é procedida a limpeza no plano áurico, possibilitando que a pessoa experimente, através dos sentidos da alma, uma dimensão e consciência além da percepção física. Embalada pela leveza e pureza da luz celestial, a pessoa ascende ao plano etéreo e vivencia a plenitude da sabedoria divina, onde não há espaço para dor e sofrimento, mas tão somente para a paz de Deus.

Sinto ao ajudar o outro um profundo sentimento de amor, que eleva o meu coração a Deus e traz um estado de serenidade e paz para o meu espírito. Não há nada mais gratificante e recompensador do trabalho de cura do que ver meu irmão se reestabelecendo de sua doença.

Espero que a cada dia eu consiga praticar mais e mais bem por meio de minhas mãos de cura, a fim de que eu possa revelar e testemunhar os milagres de Deus na minha vida e nas dos que eu conseguir ajudar. Também quero me tornar cada vez mais digna de ser filha de Deus, honrando sempre o Seu Santo Nome ao disseminar o Seu amor por meio da cura, nutrindo meu coração com sentimentos nobres e doutrinando o meu espírito segundo a Sua palavra.

Espero ainda que, com o compartilhamento de minhas experiências, ajude ao meu irmão também a descobrir os seus dons e/ou ter ideia de como utilizá-lo em prol do outro. Até porque acredito que quanto maior for o número de pessoas praticando o bem em nome de Deus maiores serão as oportunidades de ampliarmos as fronteiras do amor e promovermos a paz por meio da união fraterna na resolução dos problemas mundiais.

sexta-feira, 13 de dezembro de 2013

Deus, o Pão da Vida!

Nada melhor do que, quando  o estômago está roncando, podermos sentar à mesa e ter o que comer no café da manhã, no  almoço e no jantar para saciar a nossa fome e manter o nosso corpo apto para o desenvolvimento das atividades laborais do dia a dia. Entretanto, por mais que seja gostosa a comida, temos que ter cuidado com a qualidade e a quantidade de alimentos ingeridos. Lembrando-nos de que tudo em excesso torna-se prejudicial, uma vez que, quando comemos além do necessário, sobrecarregamos o nosso organismo,  provocando a doença física.

Assim como alimentamos o corpo físico para mantê-lo saudável, devemos alimentar o espírito para cumprir com a nossa jornada terrestre designada por Deus. A diferença se encontra na forma de fazê-lo, que pode ser individual ou coletiva por meio de um ritual religioso.

A nutrição do espírito nos proporciona estar bem conosco mesmo e, por meio de uma plena aceitação do corpo, da mente, da vida que nos foram concedidos, ser um instrumento de Deus no mundo. Para nutrir nosso espírito, é preciso que criemos um laço inquebrantável de amizade com Deus, reservando  local vip em nossos corações para Ele se instalar, a fim de que a chama do Espírito Santo esteja sempre presente dentro de nós, iluminando o nosso caminho de vida e  nos enchendo de graça.

Para o nosso espírito, o qual está instalado  no nosso templo corporal da vida terrena, diariamente Deus nos prepara uma maravilhosa e farta ceia e nos convida para sentarmos à sua mesa, sem restrição de horários. Isso significa que a qualquer momento do dia e/ou da noite podemos alimentar-nos com a Palavra de Deus. Para nos servirmos do alimento espiritual, basta recolher-nos  num local de forma silenciosa, colocando-nos em estado de oração, a fim de termos um momento de reflexão, de arrependimento e de reconciliação,  desenvolvendo, assim, o dom da fé.
A cada encontro com Deus, somos convidados carinhosamente a partilhar do pão e do vinho da vida, os quais permitem termos uma perfeita e completa unidade com Ele e a vivermos de acordo com a Sua vontade. Assim Deus torna a nossa alma formosa e perfumada com a fragrância do conhecimento do Seu amor por nós, revelado e ofertado com o sacrifício de seu filho, Jesus Cristo, nosso Senhor.
E quanto mais íntimos de Deus nós nos tornamos mais oportunidades são oferecidas de testemunhar os Seus milagres operados em nossa vida e do recebimento de uma infinidade de bênçãos, principalmente a descoberta de quem nós somos e a edificação de nós mesmos como obra divina.

Além disso, Deus nos proporciona  aconchego na hora da dor; dá segurança para que atravessemos destemidamente as portas que se abrem para nós; e entendimento sobre os seus ensinamentos registrados na Bíblia Sagrada,  amoldando o nosso espírito aos seus desígnios a fim de que possamos resolver todos os problemas e nos aperfeiçoarmos como pessoa com alegria em nossos corações. E quando tivermos dúvidas na nossa caminhada, Deus se expressa por meio de nossos corações, e a nossa voz interior responderá sempre qual o melhor caminho a ser tomado.

Sob a proteção divina, a nossa caminhada se torna mais leve, cheia de liberdade e esperança, e o nosso espírito se torna mais purificado e protegido de qualquer mal. Por isso não devemos poupar esforços para nos alimentarmos apropriadamente tanto o nosso corpo físico quanto o nosso espírito, a fim de desfrutarmos dos prazeres divinos com alegria e entusiasmo que a vida nos concede a cada dia e vencer as fraquezas próprias da carne.

Lembrando-nos de que quanto maior for a nossa comunhão com Deus, maior a possibilidade de nosso coração se transformar em um poço transbordante de amor ao próximo, uma vez que nós doamos aquilo que possuímos.

Deus é o pão da vida que vem do céu para nos santificar. Então jamais nos esqueçamos de louvar ao nosso Senhor! Viva, Deus! Viva, Jesus Cristo!

quarta-feira, 11 de dezembro de 2013

A Magia da Culinária: o incomensurável prazer de dar prazer

Estão à nossa disposição alimentos os mais sortidos possíveis com múltiplas composições de nutrientes e cores, possibilitando a construção de um cardápio diversificado e multicolorido para satisfação de todos os paladares e necessidades alimentares, inclusive dos mais exigentes. Cabendo-nos tão somente evitar o seu mau uso e os seus excessos. Do contrário, tudo passa do ponto de equilíbrio e a mesma comida que nos alimenta pode se transformar em veneno e nos matar.

Os alimentos podem ser consumidos “in natura” ou podem passar por um processo de transformação tal qual a borboleta. O que se prepara e se come em cada lar está vinculado às tradições, às condições financeiras de cada família e principalmente à disposição de cozinhar e proporcionar em forma de comida o alimento da vida e o prazer do sabor.

Há uma coisa mágica no preparo da comida... O que acontece dentro de uma panela é uma verdadeira alquimia, onde há a transmutação das matérias em prol da formação de um novo prato.  

O segredo do preparo da boa comida está na forma de unir os ingredientes, de misturar a massa, do poder de homogeneizar os temperos e fabricar os sabores, de apresentação no prato e de uma gama de outros atos. Adicionado a isso tem o dom e a capacidade técnica do cozinheiro de seguir uma receita e ou de  inventar outra, que se aprimora ao longo dos anos de experiência, e de dar um toque de amor  que completa o encanto da comida.

Na cozinha, o cozinheiro se assemelha a um mestre de bateria na coordenação das atividades necessárias para o preparo da comida e na utilização de seus equipamentos. Cada uma deles individualmente produz uma porção de sons, que apresentam regularidade e a sustentação da cadência e do ritmo do preparo da comida. Assim, ouve-se o batuque das panelas, o afiar das facas, o fervilhar da água, o escorrer da água e outros sons, que são tocados mais rápidos, outras vezes mais devagar, refletindo o compasso imprimido pelo cozinheiro. Todos os sons chegam aos ouvidos dos famintos como uma música, acompanhados de aromas que  aguçam a fome. 

Outras vezes, o cozinheiro se assemelha a um passista, movimentando-se e girando-se de um lado para o outro na cozinha de modo surpreendente e emocionante. Cheio de gingado mexe a sua panela e tempera os alimentos, pondo uma pitada de emoções e adicionando uma infinidade de imaginação. E quanto mais arrisca na produção de algo diferente, maiores são as oportunidades de expressar sua arte de cozinhar, abrindo-se um campo infinitamente fértil para a criação do sabor.

“Le grand finale”   fica por conta da exposição e degustação da obra-prima, que traduz os sentimentos e um bocado da alma ali depositados. Tal qual o mestre-sala e a porta-bandeira, o cozinheiro traz, em forma de cortejo suntuoso, os pratos caprichosamente preparados. Um a um vai colocando na mesa, agrupando-os harmoniosamente, utilizando a psicodinâmica das cores para realçar sua beleza e dar uma aparência que atraia, seduza e desperte o desejo de saboreá-los, começando o ato de devorá-los pelos olhos.

Convidados a sentar à mesa, inicia-se o desfrute dos sabores que suscitam diversas emoções e experiências sensoriais. A coroação vem com os deleites provocados a cada garfada e a expressão de que, mais do que saciar a fome, as pessoas estão se maravilhando com a comida, a ponto de lamberem os próprios dedos na tentativa de aproveitarem até o último pedacinho do paraíso gastronômico.

Em cada semblante onde esteja transparecida a expressão de prazer de comer, soa como elogio que acaricia o coração do cozinheiro e faz com que tenha valido à pena todo o tempo de dedicação e amor aplicados no preparo do prato. Perpetuando, assim, o ciclo do prazer de cozinhar para dar prazer a quem da comida se deliciar.

terça-feira, 10 de dezembro de 2013

Viva a Abundância!

Com a benção de Deus, com a carícia da terra pelo agricultor, com a polinização e com outras formas de cultivo, a cada dia o Planeta Terra irradia o amor divino e de suas entranhas emergem os alimentos que suprem a nossa fome, que ornamentam os nossos campos e perfumam nossa alma.

A todo o momento algo fascinante acontece na natureza... A vida extraordinariamente nasce e se renova num ritmo harmônico e orquestrado pelo seu regente maior, esboçando a beleza de suas formas nas telas da vida, pintadas com as tintas multicoloridas da generosidade e da riqueza natural que se espalham por todos os cantos do mundo.

Desta forma é disponibilizada uma infinidade de alimentos que florescem e dão frutos dentro de seu tempo e especificação genética, oferecidos gratuitamente por Deus para o suprimento de todas as necessidades dos seres viventes. Para se ter acesso a eles nas suas mais diversas expressões, basta ter pensamentos de abundância, a conexão com a crença de que merecemos e a disposição para realização de troca dinâmica com o universo, pedindo, trabalhando, aceitando e aproveitando com bom grado e alegria tudo que nos for concedido. Mantendo, assim, o fluxo da energia cósmica da vida circulando e garantindo a prosperidade universal para todos.

Além da abundância de alimentos, temos à nossa disposição mil e um sabores que podem ser degustados repetidamente ao longo de nossa vida. Para saborearmos os prazeres da vida, devemos provar um pouco de tudo com total consciência do que estamos querendo em termos de regozijo pessoal; aproveitar os dons e talentos singulares que foram concedidos a cada um de nós sem limitá-los, sabotá-los ou bloqueá-los;  aproveitar as oportunidades de evolução e de compartilhamento de experiências com o outro; e principalmente viver de bem com a vida e em verdadeira comunhão com Deus.

O Universo é de abundância e de muitos sabores, por isso devemos olhá-lo, senti-lo e apreciá-lo como tal... Não percamos tempo! Experimentemos o sabor da natureza com plena aceitação da vida e deixemos nossos canais energéticos abertos para atrair tudo àquilo que traga sentimento de aprazimento de nossas necessidades físicas, de paz interior e de felicidade de espírito... E ao mesmo tempo sejamos sábios para usufruir da riqueza da natureza em sintonia com os princípios celestiais. 

sexta-feira, 8 de março de 2013

Saudades de Mim

Às vezes a vida nos prega uma peça e não nos deixa alternativa a não ser a mudança de nossa trajetória. Sem nenhum aviso, recebi um golpe de onde menos esperava... Até antes do acontecido, estava convicta de que havia feito a melhor escolha entre as alternativas existentes, pois eu me sentia feliz, desfrutando cada trecho do caminho, sem ter pressa para chegar ao fim da estrada.

O golpe foi tão duro e abrupto que desmoronou a minha realidade cor-de-rosa, fazendo com que eu saísse do céu direto para o inferno, sem nenhuma escala. Fiquei completamente sem chão... Quanto mais eu tentava entender a situação pela qual eu estava passando, mais e mais as coisas não faziam sentido em virtude da minha limitada capacidade de ver e compreender os desígnios de Deus para mim, causando-me uma profunda tristeza de alma que me deixou completamente sensível e vulnerável, diminuindo o fluxo da minha energia vital e enfraquecendo as potencialidades do meu espírito.

Entrei em um ciclo de pensamentos negativos e acabei me perdendo de mim mesma. Como não abri mão do passado para ter o ganho do presente, quis fugir de tudo que estava me machucando e não quis mais ver o futuro me convidando para novos desafios e oportunidades da evolução do meu ser.

A minha bússola interna enlouqueceu e me deixou sem norte... Estacionei no tempo e deixei que um pedaço de mim morresse junto com o que perdi, transformando-me numa refém dos meus medos e frustrações. Como uma viúva, entrei num luto e uma saudade enorme invadiu todo o meu coração. Chorei copiosamente pelo que não podia mais ter, esquecendo-me de valorizar e agradecer o tanto de coisa que já tenho e que ainda poderei ter.

Com muito sofrimento entendi que não posso perder mais o meu precioso tempo terrestre, passou da hora de eu sacudir a poeira e dar a volta por cima. Tenho que despertar deste pesadelo e acordar de novo para a minha vida. Preciso, para isso, por um ponto final para a autocompaixão e, mesmo diante de adversidades que certamente aparecerão, prosseguir e vencer a dor de um sentimento de vazio que nada preenche e que não faz sentido alimentá-lo dentro de mim, ou seja, preciso me conformar de que não há nada a se fazer além de me conformar com o que aconteceu e deixar isso para trás como um aprendizado a fim de que as minhas feridas possam se cicatrizar. Afinal o tempo não pára e o show da vida precisa continuar.

Agora preciso acelerar o meu reencontro comigo mesma e resgatar do vale sombrio a minha alegria de viver e seguir em frente com o meu destino traçado por Deus, com a promessa de deixar anotados na minha agenda diversos encontros com o meu ser para que no meu momento de retiro encontre a minha paz espiritual.

Quero voltar a caminhar sob a luz, explorar a vida, curtindo-a em sua totalidade, desvendando seus mistérios e deixando para trás os trechos de histórias que não mais me pertencem, abrindo-me para todas as possibilidades, vislumbrando com os olhos da fé os meus mais ousados sonhos, fazendo com que eles se transformem em realidade.

Quero aceitar e vencer os desafios da vida sem que com isso eu fique paralisada pelo medo e sentindo pena de mim mesma diante dos obstáculos, mas sim fluida como a água na certeza de que Deus irá me prover de tudo o que for necessário para superá-los. Quero deixar florescer numa eterna primavera os meus sentimentos de amor, doação, perseverança e perdão, para permitir transcender ao mundo material e purificar o meu espírito.

Quero com o meu carinho acalentar os desamparados, com o meu sorriso iluminar os corações, com as minhas mãos ajudar a curar as feridas do meu irmão, com a minha alegria de viver contagiar os desanimados, com as minhas palavras confortar os aflitos e ser um porto seguro para os náufragos da vida.

Enfim, eu quero voltar a ser eu mesma na concepção perfeita do Criador, respeitando-me e convivendo harmoniosamente com a minha totalidade: espírito, alma e corpo e prosseguir na minha nova trajetória de vida, alinhando-a com os meus mais profundos desejos e valores espirituais para ter um relacionamento florido com o mundo, aprendendo a amar tudo aquilo que me foi dado segundo o meu merecimento e cantar e dançar com alegria e amor a valsa da vida em sua plenitude.

sábado, 1 de dezembro de 2012

A Era da Besta


A Besta instaura o seu trono a partir de sua designação para ocupar cargo comissionado do alto escalão no serviço público. Com o discurso de que irá trazer prosperidade organizacional, angaria a simpatia de seu nomeador e adquire a carta branca para seus atos alucinantes e enfermos.

Do seu alto posto, empertigado na sua poltrona com o orgulho de um Rei, ao qual ascendeu sem qualquer mérito, mas tão somente por causa de suas relações pessoais e cujo passado não se tem notícias, arquiteta leis próprias e utiliza formas obscuras de agir. Perante as autoridades superiores e do mesmo nível hierárquico a Besta age sob a pele de cordeiro, seduzindo-os com seus simulados sorrisos e presteza no atendimento servil de suas solicitações, enquanto com os subordinados ela fala como dragão e destila todo o seu veneno impondo suas vontades ardis aos berros de quem quer se fazer notar pelo escândalo. Com isso faz com que os seus pares o adorem enquanto os seus subordinados o temam.

Reina nesse tipo de gestão o estilo eu faço do jeito que me aprouver chancelado pelo dirigente máximo da organização e vocês são obrigados a me engolir, destruindo o respeito que deve existir entre chefia e subordinado e acarretando assim o estado de escravidão a partir da opressão e da privação de um ambiente profissional saudável e a instauração de tempos hipócritas, onde prevalecem os caprichos pessoais sobre as boas práticas administrativas.

À base da chicotada, a Besta coloca todos os seus subordinados em estado de frenesi interminável. É um tal de botar o pessoal para se virar nos trinta, num corre-corre danado, até que todos façam não o que é necessário para o bom andamento dos serviços mas o que agrade e massageie o ego inflado da Besta.

Utiliza da crítica, impregnada de maledicência, para minar o ser humano e para confundir a cabeça e denegrir impiedosamente a imagem que o servidor tem de si mesmo enquanto profissional. Da boca da Besta saem palavras cheias de blasfêmia e destruidoras da alma, enquanto em sua assinatura se encontra o selo do destino apocalíptico do servidor.

O produto de suas ações, originado no seu abominável caráter e na imundícia da sua prostituição profissional, conduz o subordinado a uma situação dolorosa e humilhante, bem como dissemina a iniquidade administrativa. Cada um em seu canto, se virando com o seu manual de sobrevivência, significa o estímulo para apostasia de convicções profissionais e para a procura de refúgio na mediocridade.

A Besta não mede esforços para atingir os objetivos inescrupulosos de ser dono do pedaço, bem como de condutas que contrariam as boas práticas administrativas para sucatear a máquina administrativa em prol do seu próprio ego. Com o tempo exaltará a si mesmo como sendo o "Salvador do Serviço Público" que elimina a praga do servidor público e com isso exigirá ser adorado como o Profissional do Ano, declarando-se então ser o hors concours.

Quando as ações da Besta contra os servidores não são repudiadas pelo Departamento de Pessoal, muito pelo contrário, há uma conivência quando se observa tão somente os aspectos burocráticos dos procedimentos de colocação do servidor à sua disposição, desprezando o aspecto emocional e humano envolvido na ação de perseguição, abrem-se espaços para que os maus tratos aumentem, bem como há a nutrição do poder e do orgulho da Besta, expandindo e perpetuando o seu reino da maldade.

À medida que seu poder aumenta em virtude da perseguição implacável de todos os subordinados que não se curvarem aos seus caprichos e/ou fingirem que a adoram, a unidade administrativa que a Besta conduz torna-se um lugar mais sombrio, com perigos invisíveis sobre o desenvolvimento do trabalho – perigos que poucos estão conscientes, pois eles atuam tal qual o câncer silenciosamente na mente individual e coletiva profissional. Assim sendo, o poder inerente ao cargo comissionado assume todos os caracteres de um estado mórbido por meio da utilização da arte do desprezo, onde impor suas vontades torna-se uma obsessão e uma forma de submeter os que considera inferiores aos seus mandos e desmandos para deles fazer seus fantoches no tabuleiro do jogo de poder, onde predomina a traição e a trapaça.

É fácil identificar a Besta e desmistificar o discurso propalado de um oportunista e aproveitador que não tem a ética como um valor inerente ao seu perfil profissional. A Besta nada se parece com o monstro tal qual é retratado nas produções cinematográficas, entretanto suas atitudes, cheias de artimanhas do demônio, quando são manifestadas, mudam o mundo profissional daqueles que se constituíram em alvos e foram subjulgados despoticamente, sem qualquer direito à defesa, tão somente por puro capricho sádico.

A Besta, que faz questão de demonstrar a sua força e massacrar àqueles que se apresentam como obstáculo no seu caminho, esquece-se que tudo é fugaz neste mundo. Na verdade a Besta não é por si só todo-poderoso originalmente, mas sim investida de poder por causa da ocupação do cargo comissionado, que não lhe concede o direito de fazer tudo que lhe aprouver, de ferir sentimentos para satisfazer o seu lado negro da vaidade sem que com isso, num futuro próximo, tenha que prestar satisfação de seus atos quando for submetido ao juízo final, onde reinará a justiça, não dos homens, mas a de Deus.

No final da gestão da Besta, obtêm-se saldos negativos, onde se acumulam fracassos e mais fracassos organizacionais, pois àquilo que o servidor suportou e sofreu de assédio moral estará na sua lembrança do tempo em que viveu num ambiente de trabalho mergulhado nas trevas, e por muito tempo ou talvez nunca será apagado o sofrimento de seus corações ao qual foram submetidos por quem deveria conduzi-lo para a satisfação profissional, evitando que consiga acreditar nos moventes sinais de um amanhã sob uma nova gestão e de trabalhar com o mesmo comprometimento de tempos anteriores ao ataque da Besta.

E foi com a presença de Bestas nos cargos de chefia que, durante o decorrer da história, muitos órgãos públicos acabaram sendo extintos. Porque o orgulho exacerbado dos dirigentes apenas leva a derrocada, até porque do ocupante do cargo comissionado se espera o respeito, não a opressão dos subordinados. Espera-se a humildade dos sábios, não a insensibilidade dos indiferentes ou o orgasmo dos sádicos em prol de seu próprio ego de Pavão.

O grande chefe é aquele que se utiliza da simplicidade e da sabedoria para conduzir os seus subordinados ao sucesso pessoal e profissional por meio de exemplos, onde em cada ato há a presença de um espírito nobre e sensível aos aspectos humanos, extraindo de cada servidor o que se tem de melhor em prol da organização.