terça-feira, 6 de julho de 2010

Os tiranos de amanhã

Cada vez mais os pais “modernos” têm posturas permissivas onde tudo pode e não de educadores onde os erros são corrigidos e ditos não às crianças, às vezes, acompanhados de castigo.
Os pais não têm ideia do mal físico e emocional que fazem aos seus filhos quando permitem que eles permaneçam de 5 a 6 horas diante da televisão e/ou do computador.
Se por um lado é uma facilidade para os pais a existência da televisão e do computador no preenchimento do tempo dos filhos, por outro lado significa dificuldade para os filhos em enfrentarem as provas da vida.
Tanto a televisão quanto o computador são mundos à parte. No mundo virtual praticamente não existem problemas ou todos os problemas têm solução e eles são resolvidos com um apertar de uma tecla e/ou se utilizando poderes mágicos e vestimentas especiais.
Imagens de sucesso transmitidas pelos personagens valorizando a beleza exterior, o poder, a mentira e o dinheiro fácil, ditam comportamentos que deformam a personalidade da criança, principalmente, ao oferecer facilidades de concretização de sonhos sem nenhum esforço ou trabalho.
O bombardeio de imagens e de informações, banalizando o sexo, a violência, a família, o amor ao próximo e até Deus, não permite que haja tempo para analisar o contexto onde e como as histórias ocorrem.
As crianças ficam vulneráveis à manipulação das informações existentes por trás de cada cena do desenho, filme e novela, dos jogos em rede, das conversas com os desconhecidos, absorvendo o conteúdo sem nenhuma reflexão crítica como sendo uma verdade, não tendo condições de saber distinguir o certo do errado.
Como um verdadeiro papagaio, as crianças imitam os personagens tomando como os seus próprios pensamentos ou paixões as verdades dos outros, ficando sem uma identidade própria.
Uma vez que elas não sabem quem são, elas desconhecem o maior de todos os deveres que tem para com sua existência no mundo, o respeito para consigo mesmas e para com o próximo.
As crianças ficam tão aficionadas pelo mundo virtual que acabam desenvolvendo uma aversão à realidade. Mal elas têm tempo para ser crianças e realizar atividades próprias de sua idade, tais como: leitura de livros, deveres escolares, exercícios saudáveis e brincadeiras com outras crianças.
Assim como o câncer, a ausência dos pais na educação dos filhos combinada com a exposição prolongada à televisão e ao computador corroem de forma silenciosa os pilares de sustentação da personalidade da criança, pois é nutrido um estilo irreal de vida onde tudo pode sem nenhuma regra ou sem nenhum esforço.
Sem obstáculos, fica impossível aprender a sonhar e a conquistar o que se quer. Sem acolhimento emocional e limites, não há o amadurecimento e o crescimento pessoal. Como não aprenderam a batalhar pelos seus ideais, terão de sobreviver fadados ao fracasso e à dependência dos outros. O pior de tudo isso é que as crianças quando se tornam adultas, mesmo quando dependem de favores para viverem, agem como déspotas, se voltando contra os seus criadores.
A educação garante uma vida digna. Por isso os pais devem preparar seus filhos a enfrentarem a vida e a entenderem que tudo exige um esforço pessoal para sua obtenção; que cabe a cada um assumir a responsabilidade pelo sucesso e ou fracasso; e que em diversas situações da vida é preciso realizar muitas coisas que não se gosta. Enfim os filhos devem ter a noção do que é a vida e de como ele poderá enfrentar os percalços existentes no caminho para transformar os sonhos em realidade.
Ao abrirem mão da responsabilidade de educar os seus filhos, em virtude do menor esforço e ou de seu sentimento de culpa por causa de suas ausências prolongadas de casa, eles negligenciam o seu papel de pais, cuja missão consiste em construir os princípios e valores morais e éticos do ser humano.
A abdicação da educação pelos pais produz
consequências maléficas no bom desenvolvimento da criança, promovendo a criação dos tiranos de amanhã. Como muito bem disse Neylor J. Tonim, a missão de quem ama não é a de eliminar a cruz para seu bem-amado, mas a de reforçar os seus ombros para que possa carregá-la.

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