quinta-feira, 29 de julho de 2010

Veia Poética

Eis algumas das fases da minha vida em verso e prosa que ora foram maravilhosas e ora de superação.

AS BATALHAS DA VIDA
(2002)

As várias batalhas ao longo da vida nos remetem ao forçoso processo de crescimento pessoal, não havendo, muitas vezes, tempo de nos refazermos de uma luta, antes de entrarmos em outras.
Algumas feridas ainda estão sagrando, outras apresentam cascas e novas são adquiridas, poucas estão curadas...a roda da vida exige uma adaptação imediata e contínua do nosso ser ao social.
Não se pode vacilar...Seguir sempre adiante sem olhar para trás é necessário para sobrevivermos, mas extremamente difícil de se fazer. Agarramos com unhas e dentes a vivência do passado e alimentamos as diversas neuras introjetadas pelos nossos pais que, apesar de nos ter preparado para o convívio social, confunde-nos sobre o que somos.
Criam-se expectativas do que deveremos ser e o nosso eu interno, voltado para o exterior, mascara o seu âmago na tentativa de agradar os outros. Iniciam-se os conflitos. Medos, inseguranças e deturpações surgem a cada momento da decisão e nos conduzem para o fundo do poço. Passamos a visualizar o lado negro e opaco da vida.
A chama da esperança tenta resistir, mas enfrenta o sopro de ventos do desânimo mais fortes que vêm de todos os lugares...Caímos em desespero... A fé entra para interceder a nosso favor e nos ajuda a entender que o bom guerreiro lambe suas feridas e se prepara para a próxima luta, mesmo que esteja petrificado pelo medo de mudar.
Não há espaço para lamentações ou desculpas na obtenção da vitória de poder ser na sua essência. Dar o primeiro passo em direção da autodescoberta pressupõe despir-se de todas as vaidades e do orgulho de parecer ser. Deve-se esvaziar o copo do aprendizado para enchê-lo com a substância fluida da vida. É preciso saber viver, transformando os obstáculos em degraus, o feio em belo...Só assim, a vida fará sentido para nós, constituindo-se num verdadeiro Presente de mais um dia concedido pela dádiva de Deus.

A VIDA
(2004)

Com vários caminhos:
Alguns tortuosos,
Alguns sem saída,
Alguns deslumbrantes.
Levam-nos ao paraíso, à crise, às mudanças...

A escolha é livre.
A lei do retorno estabelecida.
Aqui se cobra, aqui se deve.
A energia cósmica transita.
Suprindo os receptáculos.
A essência do ser esquecida.
A busca do ter predomina.

Amor, traição, vergonha, culpa
Fazem parte da sina.
A dúvida se instala.
Se se leva a vida ou
Se se deixa levar pela vida.
Vida vazia
Vida cheia
Vida sem vida
Vida bem vivida

NO COMPASSO DA VIDA...
(2004)

No compasso da minha vida,
Bate o meu coração
Num ritmo variado,
Conforme as paixões...

No compasso da minha vida,
Vivo os bons momentos,
Com muito alto astral
Cerco-me de novos e velhos amigos...

No compasso da minha vida,
Entrego-me de corpo e alma
Ao novo amor da minha vida
Que pode durar um minuto ou uma eternidade
Dependendo da química...

No compasso da minha vida,
Enfrento os obstáculos...
Removo-os, pulo-os ou me engasgo,
Mas o que no final importa
É o que fica de aprendizado...

No compasso da minha vida,
Curto o aqui e o agora.
Vivendo o hoje intensamente
Na loucura de poder desfrutar só mais um instante
Do presente...

No compasso da minha vida,
Posso alcançar o nirvana,
Embalado pelas notas de uma boa música...

No compasso da minha vida,
Vivo uma vida bem vivida em todos os momentos
Realizando-me por inteiro.

quinta-feira, 22 de julho de 2010

Os efeitos do mal a conta gota

Não existem dois seres humanos que agem igualmente. Cada pessoa vê e vive a vida sob um determinado prisma, interpretando-a de uma forma extremamente subjetiva e única.

Nosso corpo transmite informações importantes que demonstram nossa maneira peculiar de ser e de processar as informações recebidas ao longo da nossa vida impactando sobre o nosso modo de agir, de reagir e de interagir com o meio, caracterizando as doenças ou a saúde manifestadas no nosso corpo e alma.

A doença é entendida como um descompasso emocional e físico levando ao desequilíbrio interno, enquanto a saúde é entendida como uma sintonia entre corpo, alma e espírito perfeitamente orquestrados.

A doença se manifesta não só por sinais objetivos observáveis pelos sentidos, mas também por sintomas e sensações subjetivas advindas das interelações entre as pessoas e destas consigo mesmas.

Como os seres humanos são seres sociáveis, há uma necessidade de interação constante entre as pessoas. Entretanto, alguns relacionamentos fazem mal para as pessoas e podem ocorrer tanto no âmbito pessoal quanto no profissional.

Uma das partes da relação sabe manipular as circunstâncias de tal forma que, apesar de fazer o mal, só as suas boas ações ficam visíveis aos olhos do outro. Contudo por detrás da pele de cordeiro, existe um verdadeiro lobo mau pronto para subjulgar sua vítima.

Os algozes são pessoas inteligentes que conhecem bem os pontos fracos de suas vítimas nos quais atuam e sabem manipular os sentimentos que incidem sobre as variantes psicológicas do ser humano.

No começo, é utilizado um processo de sedução para aproximação e invasão sutil do espaço do outro. Mas logo em seguida são utilizadas ameaças veladas ou de clara hostilidade e fria indiferença, que possuem o objetivo de causar um dano na psique da vítima, a fim de reduzi-la à impotência e à servidão completa às suas vontades.

Por meio da utilização de diversos instrumentos de manobra depreciativos, reiterados e prolongados, são criados sentimentos de culpa e de falta de merecimento na vítima. Gentilmente o algoz, sedento do desejo de dominar, humilhar, denegrir e intimidar, ajuda a vítima a ir na direção da auto-destruição, estimulando-a a abrir mão dos sonhos e a pisar sobre o amor próprio.

Quando o mal impera por meio de procedimento astucioso e ardiloso a conta gota nas palavras, no tom, no olhar, na ironia, na indiferença e na humilhação, é capaz de produzir determinada alteração em um indivíduo saudável ao longo do tempo, de tal forma que as feridas na alma, às vezes, são mais profundas do que as de uma agressão física.

O mal destilado pelo algoz invade e alastra-se sem nenhuma cerimônia no universo psicológico da vítima, provocando medo que se apropria de suas ações. Não é a quantidade do mal que importa, ao contrário, quanto menor a quantidade presente e quanto mais constante, maior potencial destrutivo ele tem. Dependendo da regularidade, duração, quantidade de exposição, o mal é capaz de minar a autoestima, infectando a alma, atrofiando os sonhos e paralisando o espírito da vítima.

Aos poucos os sintomas aparecem por meio de algumas reações físicas e psicológicas que pioram ao longo do relacionamento tóxico. Os males se escondem nas profundezas do ser de maneira tão disfarçada que mal se consegue reconhecê-lo. Chega a um determinado momento que a vítima passa a ter dificuldades para saber o que é normal ou não, o que dizer, o que pensar e principalmente o que ela é. A vítima fica numa espécie de transe e totalmente viciada por esse relacionamento tóxico. O cérebro não sabe separar realidade de ficção, levando a pessoa ao comportamento insano. Assim o processo danoso transcende e impulsiona danos substanciais à alma também.

Normalmente é o algoz que abandona a sua vítima porque se cansou de brincar com os sentimentos dela e vai à caça de novas presas. Embora o algoz tenha aniquilado, desorientado e gerado a infelicidade da vítima, para a vítima é inadmissível viver sem o seu algoz tamanha é a sua dependência. Como a vítima foi induzida pelo algoz a ver o paraíso como o inferno e considerar o mais miserável tipo de vida como paraíso, ela o vê e o considera como a tábua da sua salvação.

Assim que é abandonada, a vítima entra em profunda depressão e acredita que não conseguirá sobreviver sem o algoz. Embora a vítima alcance o fundo do poço, ela aos poucos vai se desintoxicando e recobrando a consciência da existência do seu ser. Leva algum tempo para a vítima perceber que, o que parecia ser o fim da sua vida, na verdade, é o início de sua reconstrução.

Passo a passo a pessoa retoma sua Energia Vital e, a partir de um padrão vibratório semelhante e mais forte que o preexistente da intoxicação, começa a desenvolver um auto-respeito e a promover ações a partir da luz clara da consciência. A pessoa amadurece emocionalmente, ou seja, torna-se capaz de raciocinar também com os sentimentos, mantendo-os sob o seu controle, bem como aprende a lidar com a outra pessoa sem abrir mão de si mesma, a impor os seus limites e respeitar os dos outros, a reconhecer as suas falhas humanas e tentar corrigi-las, a sonhar os seus próprios sonhos e a buscar relações dentro de um novo paradigma, levando em consideração cada parte do relacionamento dentro da sua globalidade e integridade pessoal.

terça-feira, 6 de julho de 2010

Os tiranos de amanhã

Cada vez mais os pais “modernos” têm posturas permissivas onde tudo pode e não de educadores onde os erros são corrigidos e ditos não às crianças, às vezes, acompanhados de castigo.
Os pais não têm ideia do mal físico e emocional que fazem aos seus filhos quando permitem que eles permaneçam de 5 a 6 horas diante da televisão e/ou do computador.
Se por um lado é uma facilidade para os pais a existência da televisão e do computador no preenchimento do tempo dos filhos, por outro lado significa dificuldade para os filhos em enfrentarem as provas da vida.
Tanto a televisão quanto o computador são mundos à parte. No mundo virtual praticamente não existem problemas ou todos os problemas têm solução e eles são resolvidos com um apertar de uma tecla e/ou se utilizando poderes mágicos e vestimentas especiais.
Imagens de sucesso transmitidas pelos personagens valorizando a beleza exterior, o poder, a mentira e o dinheiro fácil, ditam comportamentos que deformam a personalidade da criança, principalmente, ao oferecer facilidades de concretização de sonhos sem nenhum esforço ou trabalho.
O bombardeio de imagens e de informações, banalizando o sexo, a violência, a família, o amor ao próximo e até Deus, não permite que haja tempo para analisar o contexto onde e como as histórias ocorrem.
As crianças ficam vulneráveis à manipulação das informações existentes por trás de cada cena do desenho, filme e novela, dos jogos em rede, das conversas com os desconhecidos, absorvendo o conteúdo sem nenhuma reflexão crítica como sendo uma verdade, não tendo condições de saber distinguir o certo do errado.
Como um verdadeiro papagaio, as crianças imitam os personagens tomando como os seus próprios pensamentos ou paixões as verdades dos outros, ficando sem uma identidade própria.
Uma vez que elas não sabem quem são, elas desconhecem o maior de todos os deveres que tem para com sua existência no mundo, o respeito para consigo mesmas e para com o próximo.
As crianças ficam tão aficionadas pelo mundo virtual que acabam desenvolvendo uma aversão à realidade. Mal elas têm tempo para ser crianças e realizar atividades próprias de sua idade, tais como: leitura de livros, deveres escolares, exercícios saudáveis e brincadeiras com outras crianças.
Assim como o câncer, a ausência dos pais na educação dos filhos combinada com a exposição prolongada à televisão e ao computador corroem de forma silenciosa os pilares de sustentação da personalidade da criança, pois é nutrido um estilo irreal de vida onde tudo pode sem nenhuma regra ou sem nenhum esforço.
Sem obstáculos, fica impossível aprender a sonhar e a conquistar o que se quer. Sem acolhimento emocional e limites, não há o amadurecimento e o crescimento pessoal. Como não aprenderam a batalhar pelos seus ideais, terão de sobreviver fadados ao fracasso e à dependência dos outros. O pior de tudo isso é que as crianças quando se tornam adultas, mesmo quando dependem de favores para viverem, agem como déspotas, se voltando contra os seus criadores.
A educação garante uma vida digna. Por isso os pais devem preparar seus filhos a enfrentarem a vida e a entenderem que tudo exige um esforço pessoal para sua obtenção; que cabe a cada um assumir a responsabilidade pelo sucesso e ou fracasso; e que em diversas situações da vida é preciso realizar muitas coisas que não se gosta. Enfim os filhos devem ter a noção do que é a vida e de como ele poderá enfrentar os percalços existentes no caminho para transformar os sonhos em realidade.
Ao abrirem mão da responsabilidade de educar os seus filhos, em virtude do menor esforço e ou de seu sentimento de culpa por causa de suas ausências prolongadas de casa, eles negligenciam o seu papel de pais, cuja missão consiste em construir os princípios e valores morais e éticos do ser humano.
A abdicação da educação pelos pais produz
consequências maléficas no bom desenvolvimento da criança, promovendo a criação dos tiranos de amanhã. Como muito bem disse Neylor J. Tonim, a missão de quem ama não é a de eliminar a cruz para seu bem-amado, mas a de reforçar os seus ombros para que possa carregá-la.