Quem são os nossos heróis e vilões? Eles existem além da nossa imaginação? Será que o herói existiria se não houvesse o vilão fazendo o contraponto? Há divisão entre o herói e o vilão? Onde começam e terminam as suas ações?
Charles Chaplin disse que os heróis não nascem, mas se fazem. Acredito que ele tenha razão. As circunstâncias que proporcionarão à pessoa o papel de herói ou de vilão no palco da vida, bem como o prisma pelo qual nós olharmos a pessoa em ação, tal qual aconteceu com Hittler.
Para os alemães, Hittler foi um herói, pois ele levantou o moral do povo e os uniu para a conquista da supremacia do país. Para as outras nações e principamente para os judeus, Hittler foi um vilão, em virtude das atrocidades que cometeu na Segunda Guerra Mundial, que resultou no maior holocausto registrado até agora na história da humanidade.
Nós criamos os nossos heróis e vilões, a partir das nossas expectativas guiadas por um componente estético, por um conceito de beleza e de elegância ou de seu contrário, a fim de nos espelharmos nos seus exemplos no nosso desenvolvimento pessoal.
Os primeiros heróis criados normalmente são os nossos pais. Na nossa frágil e inocente infância, depositamos neles a esperança de um ser perfeito. O nosso pai é o super-homem: forte, inteligente e rico que garante a nossa proteção e sustentação, enquanto a nossa mãe é a mulher maravilha: linda, charmosa e acolhedora que nos dá amor, colhinho e nos enche de mimos.
Mas à medida que crescemos, vamos aumentando nossa coleção, escolhendo os personagens que mais nos convém dentro de um ideal. Quando nós transformamos outras pessoas em herói ou vilão, a pessoa acaba sendo cobrada a ter uma atitude muito maior ou aquém do que de um ser humano.
Entretanto o que nós esperamos dos nossos heróis ou vilões não retrata o que de fato eles são: seres humanos. No fundo, por trás de cada ideal personificado, existem pessoas humanas cheias de defeitos e qualidades, que estão no nosso mesmo barco humano na travessia da vida terrestre.
Quando há a mitificação de personagens em nossas vidas há sempre o risco de acabarmos nos decepcionando com os nossos heróis e no meio do caminho eles morrerem ou se transformarem nos nossos vilões. Não há um ritual de passagem de herói para vilão. Ela acontece quase instantaneamente como um piscar dos olhos.
Poucas pessoas serão consideradas heróis e vilões. A maioria de nós ficará no anonimato, não obstante termos atitudes tão vilãs e heróicas no nosso dia a dia como aqueles que assim o consideramos.
Qual o papel que cada um irá exercer na vida - de herói ou de vilão, eu não sei responder. O que vai nos diferenciar de sermos heróis ou vilões de nossa própria vida serão as nossas ações na luta diária pela sobrevivência. Alguns lutarão por boas causas, refletidas na grandeza das ações honradas e benevolentes, enquanto outros lutarão sem objetivos, cujas ações estarão impregnadas de vitórias sustentadas na força, na intolerância e no destempero emocional.
Eu escolho compor a liga da justiça, mas sei que irei desempenhar, devido as minhas fraquezas humanas, mais o papel de vilã do que o de heroína como gostaria.
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